Sou de direita, devo concluir depois disto tudo. Algumas notas autobiográficas e não só

11 11 2015

Agora algumas notas mais pessoais que, aliás, aqui já fui revelando, neste blogue de desabafos.

Eu não tenho poupanças, e não as tenho pela decisão que tomei, desde que meus pais faleceram e mesmo antes, de que aplicaria o que me deixassem reconstruindo a antiga casa rural que estava usada como arrecadação. Construí em 2013, é agora uma vivenda em pedra, T2 sem garagem nem sótão , mas que custou muito mais do que se fosse a arrasar e construir nova. Embora não seja em xisto, é semelhante, as pedras não são grandes como na zona do granito, por isso, foi muita mão de obra. O meu pai partiu deste mundo em 2005 e não fizemos qualquer partilha, a minha mãe continuou a gerir o património na totalidade, tendo falecido em 2009. O dinheiro que recebemos, não nos pertencia, era deles , dos meus pais que nunca foram ricos, foi produto de muito trabalho, toda uma vida de sacrifícios, poupanças que fizeram para salvaguardarem a velhice, seria para ir para um lar “onde não nos batam” dizia minha mãe. Nenhum precisou de lar, faleceram antes disso. Por isso, esse dinheiro só faria sentido , para mim, ser aplicado no património já ancestral (que vem do lado materno) e resultou também ele de muito trabalho, minha tia avó fazia chapéus de senhora em Lisboa e tudo enterrou aqui em Vila Nova de Poiares. Meus pais continuaram , valorizaram e mantiveram as terras a produzir alguma coisinha e impediram as casas de cairem; sempre a bulir , meu pai sempre a trabalhar como silvicultor da DG Florestas como então se chamava, era aos fins de semana e férias que se desdobrava entre Lisboa e esta Vila do Centro do país. Minha mãe dava explicações de línguas, inscreveu-se  na Faculdade de Letras de Lisboa quando minha irmã entrou , foram colegas durante algum tempo. Terminou o curso um ano depois de minha irmã, com a classificação de 15 valores, o que , na altura , não era muito fácil de conseguir. Meu pai também terminou o curso já a trabalhar. Isto tudo , apetece-me escrever hoje, este é um blogue de desabafo. Minha tia avó , meus pais , todos ganharam com muito esforço e sacrifício o que pouparam. Este dinheiro não provém de comissões várias como algumas fortunas que aí existem. Não herdámos um latifúndio , ao todo serão 2,5 ha, quatro parcelas separadas, por estradas e caminhos, e uma delas é uma parcela bem distante das casas, que está a floresta de pinheiros, não de eucaliptos! Tudo fizemos, eu e minha irmã para manter o património, o chão sagrado, comprando o terço de meu irmão que queria vender tudo para transformar em dinheiro vivo e viver acima das suas possibilidades, como sempre o fez. Tenho de dizer isto. Não falamos desde as partilhas, cortou connosco , queria mais!!!!!! Aliás , queria o apartamento de Lisboa onde vivemos a partir do final dos anos 60 e onde meus pais moravam e que estava a 1km de uma petroquímica quando para lá fomos, estando agora a um km de um lugar conhecido como Expo sem petroquímica. Queria esse apartamento só para ele….Comprámos com base em avaliações de 2010, mas as partilhas foram feitas oficialmente em 2012, portanto não terá ficado prejudicado dada a evolução do imobiliário. Ele foi o último a nascer, já apanhou uma época em que meu pai ganhava um pouco mais , não viveu os mesmos sacrifícios de que me lembro. Nenhuma comida se deitou fora lá em casa. Este meu irmão nunca comeu restos , isso era para os pais e irmãs. Ele era mais fino. E chega de desvendar coisas privadas. Se aqui falo dele é porque é triste que o dinheiro separe as pessoas , mesmo do mesmo sangue, mas é melhor que o meu azedume vá para quem o merece , para evitar fenómenos de transferência de azedumes para quem não tem nada a ver com tudo isto. Também o refiro pois há muitos assim, que acham que têm o direito de viver acima do que ganham. Daí muito do endividamento privado (ou mesmo a maior parte parte dele). Eu só comprei casa quando me tornei efectiva, ou antes, efectiva provisória, que foi figura que existiu neste país sui generis, antes disso aluguei apartamento ou quarto. Se tivesse de mudar iria alugar noutro lado. O resto de poupanças gastei em viagens entre Portugal e a Holanda e em experiência de vida no estrangeiro quando estive 2 anos com equiparação a bolseira, a iniciar doutoramento que não acabei por me ter morrido o companheiro de então, em 1998.

Refiz a minha vida em 2001, conheci o homem com quem tenciono passar o resto dos meus dias. Quem acompanha este blogue sabe quem é. Não me apetece colocar nomes alheios. Acrescento apenas que não é português, é belga, da parte flamenga, emigrado na Alemanha desde que saiu da faculdade há muitos anos. Que fez corridas de bicicleta como amador ganhando todas as que conseguisse (e era bom corredor) para pagar o curso de engenheiro químico. Não tenho filhos, meu companheiro tem 4. A reforma dele não é a fortuna que pensam por ser estrangeiro e um dos filhos ainda está a estudar.

Mais uma nota biográfica ,mas da família de meu companheiro. A mãe, já falecida há muitos anos, foi apanhada pelos nazis por esconder crianças judias , esteve num campo de concentração de onde voltou a pé quando a guerra acabou, chegando à Bélgica com 36 kg. Media 1,70m. O pai ainda conseguiu esconder-se. Tenho imensa pena de os não ter conhecido pessoalmente, mas tive oportunidade de ir às campas deles prestar homenagem em forma de oração silenciosa. Essa história foi contada muitos anos depois em livro publicado recentemente em Nova Iorque por uma das crianças judias protegidas por eles, criança que agora tem mais de oitenta anos . O livro chama-se “Psalms”. Foi também traduzido para Holandês e publicado na Bélgica.

Nos meus tempos de delírio do 25 de Abril, inscrevi-me aos 20 anos num partido chamado MES que se autodissolveu em congresso pouco tempo depois. Desde então não estive em partido nenhum. Fui sindicalista na Fenprof na oposição a António Teodoro, apoiei sempre a tendência sindical de Augusto Pascoal, até fiz parte de um lista à direção do SPGL e fui ao Congresso de professores desse sindicato . Assisti aos métodos anti-democráticos de votação e verifiquei como a carneirada votou com a mesa de braço no ar. Verifiquei os atropelos ao direito de palavra dos dissidentes. Foi então que jurei que nunca mais votaria PCP. Conheço assim vagamente de uma memória longínqua algumas aves que estão hoje na ribalta. Tenho vaga memória, não me interessam já há muito. Dessindicalizei-me na altura em que muitos sairam e posteriormente Teodoro haveria de ser substituído, já não sei por quem. Veio depois a conhecida ave chamada Mário Nogueira (perfilando-se ontem na manif para aparecer na TV com Jerónimo).

Pois agora sou de direita e daí? Assumo!!!! Votei PAF, aqui afirmo uma vez mais, preferia Passos Coelho, com um programa de melhorias com conta peso e medida, rejeito esta opereta bufa que está iniciada entre os partidos ditos de esquerda, com programas de melhorias feitas em cima do joelho baseadas em cenários macroeconómicos que não se vão concretizar.

PS: Nota final sobre o que se passou no parlamento ontem : o discurso de Passos Coelho foi brilhante. Evoluiu muito. Foi um discurso de estadista responsável, sem ódio, sem azedume, em tom sereno naquela voz magnífica que Deus lhe deu!!!!!


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Uma resposta

17 12 2015
Fui bloqueada no facebook … a extrema direita naquilo que sabe fazer e ainda o facto de Guinote me ter dito que sou de direita | maisk3D

[…] onde atacava um texto de Guinote sobre direitismo e fêmeas… Tudo isto me obrigou a fazer um post autobiográfico logo a seguir ou uns dias depois. Para pessoa de direita parece que não sou muito querida lá para os lados da extrema… Embora […]

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