Pedagogia centrada no aluno

2 12 2007

O aluno é uma espécie de tamagoshi…parece muito activo, mas apenas passa o tempo da melhor forma possível…os líders de grupo ou o professor fizeram o trabalho mais intelectual- grande parte dos alunos, pela lei do menor esforço, aliás muito compreensível, tenta fazer a parte que se faz na “boa” , ou seja, copiar aqui e ali na net e fazer “trabalho de campo”: entrevistar pessoas, fazer colagens, ir buscar coisas aqui e ali etc.. etc… divertem-se, claro, aprendem a movimentar-se no espaço, a não estarem um minuto quietos, levantam-se quando lhes apetece, nada de anormal, estão “a investigar” para o trabalho, não estão na conversa, estão “a consultar” o colega para o” trabalho”, é a alegria da aula centrada no aluno, a aula (hiper)activa, a formação intensiva nos vícios que tornarão a aula expositiva completamente impossível em todos os níveis de ensino. Quando, no 10º ano, houver quem diga que, dada a complexidade das matérias, precisa, para levar os alunos ao sucesso, de ter aulas silenciosas de 90 min, será de responder: desista, esqueça, eles foram treinados a “não estarem quietos dois minutos” … eles foram treinados a não pensar, pois o esforço mental implica concentração e não dispersão, implica silêncio e não cacafonia e eles foram treinados para a aversão ao silêncio e à concentração…

O aluno aprende fazendo? descobrindo? Vai descobrir que “fazendo” e “impedindo” o professor de explicar, a aula passa mais depressa; a aula, sempre que o professor transmite ou tenta transmitir conhecimento, é uma seca- o aluno acha que já sabe ou pensa que vai descobrir um dia destes perguntando à/ao ou copiando pela/pelo coleguinha que tem boas notas. O professor vai-lhe dando a papinha feita, em desespero de causa…

É bom lembrar que o “trabalho de projecto” considerado ” bem orientado” é um paroxismo de planificação de tarefas e subtarefas com avaliação orientada – todos os comportamentos são previstos. Esta moldagem, a meu ver, não é ensino centrado no aluno mas, uma vez mais no professor, de forma ultra cínica… o aluno torna-se um tamagoshi e quanto mais “actividades externas para a escola ver” melhor para o protagonismo do detentor/alimentador de tamagoshis (actualmente, com a avaliação de professores tal como está,  poderá colher os frutos da sua solicitude na carreirinha, se não os colheu já no 1º concurso a titular e poderá continuar a fazer o que muitos têm feito: tomar conta dos conselhos pedagógicos e a partir daí tornar proscritos na escola todos os que pensam de forma diferente).