Apontamentos a aprofundar sobre Mat A

30 04 2018

Saíu do programa de Matemática A (12º ano) a programação linear. Posso perceber. Era só graficamente abordada e a solução analítica seria um desvario que a incluíssem. Mas a inclusão dos osciladores harmónicos na parte da trigonometria parece-me um desvario igual ou pior. Que mais retiraram para acrescentarem as primitivas e integrais? Nada. Os complexos continuam a fazer parte do programa, enquanto os alunos nem conhecem a regra de Kramer ou qualquer luzinha sobre cálculo matricial. Até fui googlar para saber aplicações do números complexos. Pois é , assim os alunos podem construir a asa de um avião…. e saber muito de “impedâncias”, tudo isto à saída do secundário, mas apenas sabem resolver um sistema de duas equações lineares pelo método de substituição. E nem me vou referir ao facto de mal saberem o algoritmo da divisão inteira e da decimal nem é bom sequer pensar….. pois é muito complexa!

Os professores já tinham dificuldades em cumprir o programa antes. Não vejo ninguém a manifestar-se contra tal situação. Pois no ano passado as coisinhas novas não vieram para exame e portanto….calculo que  não foram dadas. Mas este ano que vem ninguém sabe ao certo se afinal o programa novo vem para exame.

O que vejo é que se adivinha de novo uma remodelação curricular feita sobre o joelho e com ela a alteração dos programas e manuais e tudo isto me cheira a esturro. O lobby das editoras cartelizadas têm muita força mesmo. O resto são as balelas do costume, com os mesmos termos do eduquês recauchutado, mas nem se deram ao trabalho de saber o que de novo entretanto se produziu em matéria pedagógica ou didática . Flexibilização , dizem eles. Pois. Mas os alunos talvez queiram sair do secundário com boa preparação científica que lhes permita cumprir com sucesso as metas do ensino superior. Ou esse também vai ser “flexibilizado”?

Um país de doidos. Por um lado , falam de felxibilização e querem dar o diploma do secundário a quem saiba escrever o nome, por outro exigem aos alunos de ciências e tecnologias que saibam construir pontes à saída do secundário. Só pode, pois parece que os osciladores harmónicos são fundamentais se se quiser construir uma ponte….. outras aplicações mais simples talvez haja , mas de momento não me ocorre nada decente 🙂 ….





Iniciativa legislativa de cidadãos: um instrumento de democracia participativa .

28 04 2018

A iniciativa legislativa que está circulando é sobre professores e contagem do tempo de serviço para posicionamento na carreira. Tenho a dizer o seguinte:

Se querem mesmo que vos contem os 9 anos de congelamento da carreira , acho bem que assinem, pois são necessárias 20 mil assinaturas. Eu assinei por princípio e não interesse direto , pois estou aposentada e para mim não adianta, assinei por achar que é uma iniciativa de profissionais e aberta a todos os cidadãos que queiram ver este projeto de lei discutido e votado em Parlamento, um instrumento precioso de democracia participativa pouco usado e é pena. Os sindicatos , infelizmente, podem não ver esta iniciativa com bons olhos por lhes tirar protagonismo e sabemos que eles gostam muito de negociações pela noite dentro e “memorandos de entendimento” que depois ninguém entende e muito menos “memora”….por isso , se acharem que os cidadãos devem ter o direito de ter iniciativa legislativa, sem ter de perguntar primeiro aos partidos e aos sindicatos se podem fazê-lo, é a altura de o demonstrar! Assinem!

Qualquer cidadão pode assinar , não tem de ser prof como é óbvio.

Links onde se pode saber como fazer para assinar:

A Chegar Às 5200

Iniciativa Legislativa de Cidadãos para Recuperar Todo o Tempo de Serviço Docente

 





O que me preocupa em Abril é tudo menos a missa do 25 de Abril, estou noutra missa: a da floresta

26 04 2018

Gostaria de saber mais sobre árvores, no entanto sei duas coisas, as folhas das árvores de folha mais larga e verde ardem mal e  há árvores que quando são cortadas  vertem um líquido que contém água, outras vertem líquido que conterá água, mas o que se vê e cehira pouco se parece com água, como a resina e a seiva de eucalipto. A combustibilidade desse líquido varia muito, no carvalho atrasa o fogo ( a altas temperaturas perde essa humidade e arde também) todas as árvores ardem se houver calor suficiente (meu pai referia 600 º C). Ora 600 º C  é muito calor mesmo, um cigarro apenas nunca conseguirá começar um fogo florestal , é preciso muito mato seco mesmo muito seco e não há assim tanto mato completamente seco debaixo de um pinhal de pinheiros adultos , a sombra atrasa o crescimento de outras espécies e de arbustos, atrasa mas eles estão lá , pertencem à floresta, mas estão verdes normalmente, o mato verde arde, claro, mas antes de desenvolver muito calor precisa de perder toda a água que contém, pois está verde. É preciso um acelerante, um explosivo. O explosivo encontra-se disponível em todo o lado (restos de fogo de artifício que ninguém controla e que,  com engenhos artesanais pode fazer o serviço) se for num eucaliptal então é o paraíso para o incendiário: o eucalipto não gigante explode ( pois um eucalipto adulto torna-se um gigante e tal como o pinheiro , sendo alto, torna a tarefa do fogo de atingir a copa mais difícil,  aliás,  podemos ver que os raros eucaliptos gigantes não arderam na copa, podemos ver bem pois destacam-se sendo ainda verdes no negrume em que se tornaram as nossas montanhas e vales do centro do país ) . As folhosas de folha caduca , as árvores de fruto têm uma humidade muito grande , as copas são reservatórios de água. O eucalipto já vimos como arde, mandando projeções a grandes distâncias, o pinheiro arde bem, a resina é mais combustível do que a seiva de um carvalho. O sobreiro tem uma cobertura de cortiça que é um retardante do fogo, por exemplo. Por isso alternar essas florestas mais combustíveis com as outras seria talvez muito  conveniente e tirar os eucalitos do país seria ainda  muito mais inteligente. Deixar os gigantes, deixá-los crescer, pois são árvores majestosas e que a partir de certa idade começam a largar folhas que apodrecem e alimentam a própria árvore e até deixam crescer outras….. Há florestas sustentáveis de eucaliptos ? Há mas só na Austrália onde as deixam crescer e ser floresta. Aqui temos TALHADIA de eucalipto que NÃO É UMA FLORESTA, é uma plantação, uma roça, uma espécie de extração de mina de petróleo dito verde , ali à superfície,  é só extrair  ou seja, fazer três cortes e abandonar, pois a seguir já não compensa!

Tudo pistas para uma reflexão. Quem põe fogo? Quem tem interesse nisso? Sigam o dinheiro e encontrarão a resposta. Os maluquinhos do fogo são uma percentagem mínima , os ignorantes das queimadas são também muito poucos… Quem anda a pôr fogo na floresta? Porque ardeu o eucaliptal da região montanhosa do centro do país e não arderam os eucaliptais do Alentejo muito mais produtivos????

Voltando ao início do reflexão deste post, tenho uma pergunta para os “especialistas”: com a desmatação desenfreada, não estaremos a dar cabo dos reservatórios de água que são as árvores folhosas de folha verde que temos à volta das nossas casas , ou que tínhamos, pois já devem ter sido cortadas muitas dessas árvores ou desrramadas ou decapitadas ou mutiladas precisamente retirando a copa que contém mais ÁGUA???????





O maior e o pior empregador do país

24 04 2018
Verifiquei o que ganha um professor do ensino não superior (que até é doutorado) com mais de 25 anos de carreira: cerca 1400 euros líquidos. A esmagadora maioria dos docentes da carreira estão congelados há quase uma década. Isto admite-se? Sei que há muitos por aí que dizem que os profs estão bem pagos…..pois o governo manda para a Eurostat e para os media os valores BRUTOS incluindo o último escalão (10º) ONDE NINGUÉM ESTÁ.
Qualquer dia não há profs, ficam só aqueles que são um pouco masoquistas (os raros que ainda vão conseguindo preparar as aulas pela noite dentro e aos fins de semanas ou  nos intervalos das muitas  reuniões que de nada servem e do preencimento das grelhas que ninguém vai ler) e os resistentes ao ruído (há quem consiga dar um pouco de  aula nos intervalos do barulho e raros, mas mesmo muito raros são os que conseguem não ter ruído a maior parte do tempo da aula, mentem muitos ao dizer que nas suas aulas não há problemas e mentem por causa da avaliação que sempre houve , sobretudo aquela que é feita de maledicência daqueles que acham ou dizem que a culpa é sempre do professor, desde que não se passe  ou que não se saiba que o mesmo ou pior se passa com eles próprios, realço que, felizmente, estes hipócritas não são muitos, mas existem sempre em todas as escolinhas e acabam por ter um poder muito superior  à percentagem que representam). Ficarão também aqueles que se servem da profissão para saltar para outros voos tipo Câmara Municipal, Politécnicos, empresas municipais e coisinhas assim…. oportunidades que irão multiplicar-se se os orçamentos camarários assim o permitirem, caso haja a municipalização da Educação.
Assinei a iniciativa legislativa para contagem de todo o tempo de serviço, apesar de, para mim, já aposentada, não adiantar rigorosamente nada, mas estou indignada, não é assim que se aposta na educação e no ensino de qualidade. Já para não falar dos contratados com muitos anos de serviço e que o Estado não deixa entrar na carreira. Estes ganham muito menos e, mesmo que haja descongelamento da carreira, ficam na mesma,  pois a progressão é apenas para os da carreira (os cada vez mais antigos) . Deveria haver uma equiparação qualquer que contasse os anos de serviço, ou claro, deveriam ser contratados  sem termo ( ou seja, entravam na carreira, antes chamávamos a isto “efetivar” , mas o termo “contrato definitivo” desapareceu  do vocabulário de direito administrativo… e na dita “carreira” estão todos a contrato sem termo).
O Estado é um reles empregador e é triste e grave pois  é ainda o maior empregador ( dando um péssimo exemplo aos empregadores privados) sobretudo na Educação e na Saúde de onde sabemos ter havido uma sangria de médicos e enfermeiros para o privado ou para a emigração. Vergonhoso! Mas temos um governo de esquerda , dizem, e temos  a Presidência do Eurogrupo!!!!!!!!!!




“A grande desmatação de 2018”, Maria José Castro

14 04 2018
 Leiam quem entende e estudou o que é uma floresta e um ecossistema. Leiam quem tem a coragem de chamar os bois pelos nomes!!!!!!!!!!!!! Descubram quem vai lucrar com a lei da “limpeza” ,ou seja, a lei da razia da floresta!!!!!!!!!!!!!!!!!! Sobretudo leiam com atenção a parte em que a autora explica o que é um ecossistema florestal!!!!
Aconselho a ler todo o artigo do qual selecionei apenas os primeiros parágrafos. É um artigo muito bem escrito  , fundamentado e corajoso! Precioso, num país de gente que vive sobretudo nos meios urbanos do litoral, que se considera acima destas coisas dos “campos” ou da “província” onde alguns têm uns eucaliptais, mas não sabem já muito bem onde, uma vez que nem sequer os visitam, bastam-lhes as lecas que recebem por eles de sete em sete anos , esse “complemento ” dá-lhes jetinho e por isso se calam bem caladinhos a respeito do eucalipto, gente de esquerda e de direita, tanto faz, arranjam sempre justificação para manterem a talhadia de eucalitpo , o argumento é normalmente: “há sítios onde só o eucalipto se dá”, como não dizem exatamente onde os têm não podemos replicar…. já me tem acontecido com amigos assim… Gente que  asssobia para o lado, ou mesmo que apoia a lei de 2006, da “limpeza da floresta”, indiferente à razia intencional e mandatória  que dizima o pouco que resta de floresta autêntica no país,  pessoas que pensam com a ponta dos dedos das mãos com que contam os tostões ou as notas de 100 euros, conforme o caso, que lhes vêm do eucalipto… Num país assim, estes e outros testemunhos são fundamentais para quem ainda tenta defender a verdadeira floresta ou restaurar a floresta … Reformar a floresta não é nem nunca foi intenção deste governo. Leiam o artigo e perceberão. Argumentem se discordam, mas com fundamento científico ou factual, pode ser? Ou será que vão simplesmente não ler porque o Observador é de direita, segundo por aí dizem os catalogadores que precisam de caixinhas para conseguir  , ou melhor, pensar que conseguem perceber melhor a política e o mundo em geral?

Observador, 30/03/2018:

Testemunho de uma professora da Universidade do Algarve que descreve os males feitos nos terrenos daquela escola superior e também em todo o barrocal, onde se estão a dizimar majestosas alfarrobeiras.

“Na Universidade do Algarve, fomos todos convocados pelos Serviços Técnicos, e nossas famílias, para participar na acção de voluntariado que teve lugar no passado sábado, de “limpeza de mato e recolha de material sólido combustível” no campus de Gambelas. “Material sólido combustível” – é assim que agora se designam as árvores e outra vegetação e seres que neles habitam. Pobre pinhal do campus de Gambelas!

As árvores arbustos e ervas que nos pedem para “limpar”, são parte de um ecossistema, têm variedade, albergam insectos, répteis e outros seres; as aves dependem da manta morta do solo, dos arbustos e das copas dos pinheiros para repouso e nidificar. As copas dos pinheiros reduzem a luz que limita a vegetação que cresce no solo. A manta morta que cobre o solo, é precisa para regenerar todo o sistema. Estamos na época do ano mais sensível para a procriação da maior parte destas espécies vegetais e animais, em particular as aves, que já começaram a construir os ninhos. O ruído invasivo das motosserras e roçadeiras que se tem ouvido nos últimos dias não deixa dúvidas sobre o que está a acontecer aos pinheiros e restante vegetação e seres que neles habitam e deles dependem. É a contribuição da Universidade do Algarve para o salvação da floresta em Portugal!

Um país cronicamente incapaz de prevenir fogos ao longo de décadas, vira-se agora com ferocidade contra a primeira vítima do fogo, a natureza, que por ser combustível e arder, tem que ser eliminada, mesmo que sejamos nós, incauta ou criminosamente, a atear 99 % dos fogos – se não houver vítima, não pode haver agressor ou agressão; se não houver combustível, não há combustão. Os nossos governantes podiam ter decretado acabar com o ar – porque sem oxigénio também não há combustão – mas como provavelmente têm conhecimentos de química iguais aos que têm sobre combate a incêndios florestais, lembraram-se de eliminar a vegetação em geral.

É surpreendente que a implementação da lei das limpezas de 2006 esteja a ser acatado de forma tão resignada pela população em geral, sem discussão ou questionamento sobre possíveis consequências e eficácia, nos meios de comunicação social. Há algumas, poucas, vozes dissonantes, mas não têm tempo de antena. Não sei se é menos ou mais surpreendente que a Universidade siga a passividade do resto da nação, mas é com certeza lamentável, porque as universidades, por vocação e missão, podem ser um dos últimos redutos de defesa da verdade, da liberdade de expressão, do esclarecimento e debate público de ideias e de independência do poder político. […]”

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 Nota:  Manda a verdade factual que acrescente o seguinte: este artigo não o descobri eu, pois não tenho tido tempo para ler jornais, mesmo os digitais. Tenho andado na limpeza da floresta……….. Fui encontrá-lo referenciado no blogue “O Meu Quintal” o que não deixa de ser interessante, pois é um blogue de esquerda… ou não será assim tanto? ………..