“Acredita-me, Aliócha, pode ser que eu viva até esse momento ou que ressuscite então, e exclamarei talvez com os outros, vendo a mãe beijar o carrasco de seu filho: “Tu tens razão, Senhor Deus!”, mas será contra minha vontade. Enquanto ainda é tempo, recuso-me a aceitar essa harmonia superior. Acho que não vale ela uma lágrima de criança, daquela pequenina vítima que batia no peito e rezava ao “bom Deus”, no seu canto infecto; não as vale, porque aquelas lágrimas não foram redimidas. Enquanto assim for, não se poderá falar de harmonia. Ora, não há possibilidade de redimi-las. Os carrascos sofrerão no inferno, dir-me-ás tu. Mas de que serve esse castigo, uma vez que as crianças tiveram também o seu inferno? Aliás, que vale essa harmonia que comporta um inferno? Quero o perdão, o beijo universal, a supressão do sofrimento. E, se o sofrimento das crianças serve para perfazer a soma das dores necessárias à aquisição da verdade, afirmo desde agora que essa verdade não vale tal preço. Não quero que a mãe perdoe ao carrasco, não tem esse direito. Que lhe perdoe seu sofrimento de mãe, mas não o que sofreu seu filho estraçalhado pelos cães. Ainda mesmo que seu filho perdoasse, não teria ela o direito. Se o direito de perdoar não existe, que vem a tornar-se a harmonia? Há no mundo um ser que tenha esse direito? Por amor pela humanidade é que não quero essa harmonia. Prefiro conservar meus sofrimentos não redimidos e minha indignação persistente, mesmo se não tivesse razão! Aliás, deram realce excessivo a essa harmonia, a entrada custa demasiado caro para nós. Prefiro entregar meu bilhete de entrada. Como homem de bem, tenho mesmo obrigação de devolvê-lo o mais cedo possível. É o que faço. Não recuso admitir Deus, mas muito respeitosamente devolvo-lhe meu bilhete.”
Retirado daqui
Vou arriscar e colocar a tradução em russo do google, pois como calculam , mesmo em domínio público , o meu Russo está tão mau que nunca conseguiria encontrar a página onde isto está…. talvez seja a página 251 se é a referida no blogue de onde tirei o excerto em Português.
«Поверь мне, Алеша, может быть, я доживу до того мгновения или воскресну и, может быть, воскликну вместе с прочими, видя, как мать целует палача своего ребенка: «Прав ты, Господи Боже!» , но это будет против моей воли. Пока еще есть время, я отказываюсь принять эту высшую гармонию. Я не думаю, что она стоит детских слез от той маленькой жертвы, которая била себя в грудь и молилась «доброму Богу» в своем зараженном углу; не стоит их, потому что эти слезы не были искуплены. Пока это так, нельзя говорить о гармонии. Но нет возможности их выкупить. Палачи будут страдать в аду, ты мне скажешь. Но какая польза от этого наказания, если дети тоже познали свой ад? Более того, что это за гармония, которая требует адской цены? Я хочу прощения, вселенского поцелуя, подавления страданий. И если страдания детей составляют сумму усилий, необходимых для приобретения истины, я говорю отныне, что эта истина не стоит такой цены. Я не хочу, чтобы мать прощала палача, она не имеет на это права. Пусть простит она свои страдания как матери, но не то, что перенес ее растерзанный собаками сын. Даже если бы ее сын простил ее, она не имела бы права. Если права прощать не существует, что становится с гармонией? Есть ли в мире существо, имеющее такое право? Из любви к человечеству я не хочу этой гармонии. Я предпочитаю оставить свои страдания неискупленными и свое упорное негодование, даже если я был не прав! На самом деле они слишком много внимания уделяли этой гармонии, вход стоит слишком дорого для нас. Я предпочитаю сдавать свой входной билет. Как хороший человек, я действительно обязан вернуть его как можно скорее. Это то, что я делаю. Я не отказываюсь признать Бога, но очень почтительно возвращаю вам свою записку»
PS >Dispensei a referência bibliográfica, quem não sabe devia saber e se quer saber vá ao google, faz-lhe bem. Li o livro aos 16 anos e não quero ler de novo , pois lembro-me de o ler e essa lembrança quero que perdure. Até hoje , para mim, o melhor livro de sempre.
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