Tenho tido discussões em grupos de animais perdidos e achados sobre deixar dar voltinhas ou não. Ora acho e persisto na ideia de que os gatos são animais cuja domesticação nunca foi total, eles precisam da liberdade e só são felizes (mesmo) com ela. Já os cães não devem andar soltos à vontade deles, são animais pouco preparados para sobreviver sozinhos se se perderem , são gregários, precisam de matilha. Ora uma matilha de cães que se tornem selvagens é semelhante a uma matilha de lobos, a diferença não é muita, como vimos nas notícias sobre o recente ataque a ovelhas. Os cães não são gatos, aliás a lei é clara, cães na rua só à trela. Claro que se a pessoa não tiver condições para o passear não deve ter cão, pois confinados são ainda menos felizes, na minha opinião, embora eles se habituem e se não saem logo em pequenos , ganham medo do mundo lá fora. Também os gatos de apartamento podem ser felizes , mas muito menos do que quando têm liberdade, penso eu. É uma questão fraturante, pois há associações que se dão ao luxo de não dar gatinhos a quem os deixa sair. Ora eu podia mentir e dizer que nunca os deixo sair, mas não está na minha natureza. O último gatinho adotado veio de um particular que fez um apelo desesperado num dos referidos grupos sociais. A primeira coisa que eu disse foi que o deixaria sair por isso, se não quisesse , não mo dava. Deixando sair , é melhor depois das vacinas, mas, quanto mais cedo melhor, para aprenderem os riscos, conhecerem os próprios limites (por exemplo, na subida de árvores, aprendem que se sobem têm de descer por si), verificam que uma estrada é um lugar por onde passam rinocerontes a alta velocidade, um lugar a evitar. Atravessam-na sim, mas sobretudo de noite , quando tudo parece calmo. Um risco que é aceite, o preço da liberdade é esse, mas só mesmo quem nunca assistiu à alegria de um gato a primeira vez que descobre que há mais mundo, é que consegue tê-los presos numa casa térrea rodeada de campo e árvores. Quanto aos pássaros e vida selvagem que são usados como argumento contra a liberdade dos gatos, só digo que essas potenciais vítimas sabem que há gatos, os que são imprudentes morrem, ficam os prudentes, e foi assim que na Europa os pássaros não se extinguiram por causa de gatos. Todas as espécies extintas na Europa a nós humanos devem a extinção. Na América , Austrália e outro novo mundo como as nossas ilhas , pode ser diferente, os pássaros não evoluiram com os gatos soltos. Desde milénios que na bacia mediterrânica e Europa, o gato foi domesticado para andar solto, para caçar ratos e ratazanas que ,por sinal, também não se extinguiram. Para quem não sabe , quem usa veneno está a extinguir os predadores que deles se alimentam, cobras, mochos e corujas, milhafres, gatos selvagens , fuinhas, texugos, ginetas, raposas, etc. Quem usa veneno nos campos não pensa no que está a fazer ao biótopo, nem sabe o que é tal coisa. Para quem se está nas tintas para as consequências dos venenos (nos quais se incluem todos os pesticidas) também as árvores são objetos para semear ou plantar onde e quando dá jeito, para cortar se fizerem “lixo” ou quando estiver na altura de fazer dinheiro vendendo as árvores jovens às celuloses . Pois é , não resisto à minha farpa contra estas corporações…. só lhes compro o papel para a impressora por não encontrar outro à venda.
PS: Relembro que , a páginas tantas da pandemia, decidi não fazer mais nenhuma referência a óbitos de famosos. São perto de 18 mil não famosos que morreram , só do covid, pois não nos dizem a cada dia quantos morreram a mais de outras doenças em relação a período homólogo pré-pandémico. Por isso, este artigo, começado aliás no facebook, foi transferido para o blogue no dia de hoje por mero acaso. Não quero ofender ninguém, mas para mim o planeta (e todas as criaturas que lá vivem) é mais importante do que qualquer acontecimento meramente humano, embora, claro está, compreenda bem por experiência própria que não seja assim quando algum familiar próximo parte. Condolências às famílias de todos os que partiram hoje.