Acabei de ver este episódio na RTP Memória. Não é fácil relembrar, sobretudo se são apenas “flashes”que vêm à memória . Nessa noite de 24 e no outro dia de manhã , tinha 20 anos , ouvíamos as notícias e esperávamos o pior : um Chile de Pinochet. Que não aconteceu, felizmente. Não vou dizer do que me lembro, talvez quando escrever as memórias, está tudo muito confuso ainda na minha memória. Sei que se esteve perto , bem perto da guerra civil. Demasiado perto. Sei que devemos a alguns muitos ou poucos a resistência ao fascismo, que devemos aos militares de Abril o fim do regime ditatorial de Salazar Caetano, sem dúvida. Mas agora, olhando com a distância necessária, sei que devemos ao grupo de oficiais moderados que tomou conta da situação em 25 de Novembro de 1975, dos quais Ramalho Eanes é o nome que me parece mais importante, o afastamento do risco enorme que corremos de uma guerra civil com a consequente repressão, revanchismo, caça às bruxas que aconteceria fosse qual fosse o extremo que ganhasse, isto sem contar com as baixas decorrentes da própria guerra fratricida e a esses oficiais devemos o retomar da via das eleições universais e livres para o começo de uma era de democracia ocidental, à moda europeia. Como se foram posicionando as forças políticas civis é uma história ainda por contar . Há “narrativas”* várias. Mas falta ainda o distanciamento para a objetividade necessária para ter uma ideia de como tudo se interligou naquelas horas de movimentações civis e militares variadas.
Nota: esta palavra “narrativa” não sei por que artes do demónio ficou recentemente ligada à figura de Sócrates como se fosse de sua autoria, o que é completamente absurdo. Como com tudo o mais a palavra e o seu uso em política pertence a muitos outros, tenham santa paciência. Ou seja, mais uma coisinha que é de um amigo dele…
Por isso uso a palavra “narrativa”, de outra forma, evitá-la-ia.
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