Pois é , parece que voltaram as manias dos projetos e transversalidades… Nada tenho contra a última, mas devo dizer que a flexibilização necessária à dita transversalidade apregoada no meu tempo nunca aconteceu, cada um tinha o programa para dar e justificações no final do ano quando ele não era completado…. As flexibilidades e “transversalidades” do meu tempo acabaram numa disciplina chamada “projecto” que então tinha “c” antes do “t”… Quem “deitava a unha” a essa disciplina era normalmente quem fazia parte dos lobbies do poder escolar. E os iluminados sabiam tudo de todas as outras disciplinas e faziam a transversalidade que bem entendiam , falando com os colegas que achassem por bem agregar ao “projeto” sobretudo na parte de execução das “feiras” ou “festas” ou viagens de “estudo” algumas vezes chamado “trabalho de campo”. Lembro-me de um projecto , era o ciclo da água ou do pão, já não me lembro e levaram o ano todo nisso… bem, deve ter sido muito transversal…
Só acrescentar que fiz há muitos anos uma única experiência de interdisciplinaridade com uma colega de História com alunos do 9º ano. Muitas horas de trabalho pela noite dentro, algumas diretas. Outros tempos, eramos ambas jovens , havia a disciplina de Introdução à Economia no 9º ano de escolaridade, por isso já estão a ver que foi há muito, muito tempo. Os alunos também eram um pouco diferentes na altura , os programas mais exigentes, apesar de não haver exame no 9º ano tanto quanto me lembro. De realçar que lhe chamei interdisciplinaridade. A experiência foi muito gratificante, os alunos gostaram. De acrescentar que a experiência não foi feita à custa do programa ambas o completámos . Saberão as pessoas do que estão a falar quando referem “transversalidade”?
Tenho lido o “Quintal” sobre este assunto… Que perda de tempo, a do autor, não a minha por estar a lê-lo, nada de confusões :-). Ainda vão dizer aquilo que eu própria penso.. afinal, está contra ou vai atrás até porque já fez um trabalho de transversalidade? Note-se que não duvido que tenha sido mesmo transversal. E como resultou? Fiquei interessada. Mas como prometi há uns tempos, nada de links.
Se o preço dessa transversalidade é o corte drástico de programas para obrigar os profs a fazerem parte desses festivais , sou contra. Há instrumentos conceptuais específicos que se adquirem em cada disciplina. Pena é que quem faz os programas não procure que haja alguma transversalidade, mas cada disciplina na sua área. O que se assistiu nestas décadas foi à inclusão dos mesmos temas em todas as disciplinas possíveis e temos ambiente, desenvolvimento humano e globalização em todas as disciplinas , até à náusea. E vai-se a ver e no fim os garotos pouco sabem desses temas embora tenham feito trabalhos “magníficos” sobre eles em várias disciplinas. Pena eu descobrir nas aulas de Economia que achavam o dióxido de carbono um veneno, que causava o buraco do ozono e outras prendas assim…. Pobre CO2. Entretanto o CO e outros mauzinhos passavam despercebidos e ainda morrem pessoas por adormecerem frente a uma lareira e outros que metem o gerador dentro de casa… 😦 . Em suma, poluição, efeito de estufa e buraco do ozono naquelas cabeças era uma única coisa…Hehe… É que eu também tinha que dar “ambiente”e “sustentabilidade”… os colegas de Geografia tinham de dar isso tudo também mais o desenvolvimento económico e humano que eu também obviamente dava… entretanto os alunos não sabiam que o sol se põe a oeste, achavam que os rios corriam todos de norte para sul, a latitude e a longitude e mais os fusos horários eram algo inacessível ao comum dos cérebros. Felizmente, alguns tinham atividades de “orientação” com os colegas de Educação Física. Alguns. Bem isso agora não interessa nada, é como a divisão, quem é que no 12º ano de matemática sabe o algoritmo da divisão sobretudo a decimal? E qual o interesse de saber onde fica Sidney ou o Reno e as capitais dos países e situá-los num mapa? Há as máquinas, a internet e o google e quanto às coordenadas da terra há o GPS , alguém precisa dessas matérias específicas das disciplinas que têm por base uma ciência (social ou natural ou exata , como queiram) com os seus conceitos, teorias e saberes só para matar a cabeça às criancinhas? E quem sabe “traumatizá-las”?