Segundo estudo do Observatório Social da Fundação “la Caixa”, da autoria do Center of Economics for Prosperity (PROSPER) da Universidade Católica de Lisboa, 400 mil novos casos foram acrescentados aos números da pobreza em Portugal devido à pandemia.
Trata-se obretudo de população com menos de 9 anos de escolaridade O estudo sugere que, antes da pandemia, esses indivíduos já estariam próximos do limiar da pobreza. O Algarve é mencionado como o mais atingido pela crise.
Temos um país dependente de monoproduções , pelos vistos. Tiramos-lhes o turismo e fica tudo sem saber o que fazer. Não li o plano de resiliência , mas , pelo que ouvi, não sei se haverá muito para investir na educação.
O Banco de Portugal alertou para um inflacionamento das avaliações das casas e apartamentos…. Isto não tem nada a ver? Tem, por vários motivos. Os empréstimos à doida continuam, com financiamentos que não têm por base garantias. Comprar casa quando não se sabe onde e se se trabalha amanhã não é decisão sustentável, vamos ter crédito mal parado, mais do mesmo que já sabemos. A outra razão tem a ver com o facto de a construção ter disparado, a procura de casas no interior também, o que tem efeito boomerang. Para comprar um casa no interior que valoriza devido à procura, não se vai vender ao desbarato a que se tem na cidade, por isso não baixam os preços , mas o que é mais impressionante é saber que, numa situação de crise de desemprego como a que temos, não se consegue encontrar quem construa ou reconstrua, está tudo ocupado a construir. Tudo? Aqueles, poucos, que são construtores, os empresários e os trabalhadores…. Pois é, somos todos muito finos, mesmo os que nem o nono tiraram acham que trabalhar na construção neste país é para o imigrante lourinho ou escurinho e preferem ir morrer na construção em outro país qualquer que pague melhor… e quem fica lamenta-se… ou não , mas deixa-se ir para a dita pobreza sem ao menos colocar a hipótese de tirar um curso no centro de emprego ou numa escola que os ofereça financiada pela UE, desses que dão para a construção… são trabalhadores da restauração e hotelaria, logo são muito finos para reconverter em downgrade, no imaginário de muitos…. já agora, poderiam ao menos trabalhar na “restauração” ou “restauro” das muitas casitas a cair por esse país fora? Seria mais ou menos o mesmo ramo :-)…..
A escola oficial? Nem quero dizer o que me passa pela cabeça, mas gostaria muito de que alguém fizesse um estudo sério sobre os cursos profissionais que a escola pública oferece, sua empregabilidade e já agora , seu custo , para sabermos , não apenas se o dinheiro dos contribuintes (com o apoio dos fundos europeus) está a ser bem gasto, mas também se , de facto , a educação é apenas uma despesa como gostam os governos de fazer crer sobretudo quando os profissionais da educação reivindicam qualquer coisinha, ou se é um investimento na geração que se segue.
Se acharem que todos temos o direito de ser doutores , eu concordo. Na parte da oportunidade para ser. Mas o que se tem feito por aí , é quase isto: nasceu, logo , é doutor. E mais não digo pois não é meu interlocutor quem é da esquerda igualitária e estúpida. Cansei-me. Evito conversar sobre estes temas com esses, infelizmente, encontro-os ainda a dominar as escolas, sei o que me vão dizer, não se vão dar ao trabalho de pensar. Está tudo tão bem no mundinho onde vivem, é tão fácil culpar este e aquele de todos os males e os tadinhos tadinhos continuarão a ser tadinhos tadinhos, com a diferença de que se tivessem tido outro tipo de discurso, se calhar viam a realidade a tempo de reconverter em vez de estar a perder tempo a fazer cursinhos idiotas que servem para manter os horários de muita gente. . . e esta verdadezinha está bem escondida por baixo das toneladas de discursos muito bem intencionados. Mais nem vou dizer, que já disse muito. Muito ? Não é muito , não. Eu já disse isto em outras ocasiões, neste blogue, mas hoje, ao ler a notícia sobre o estudo referido, apeteceu-me voltar ao tema.
A desindustrialização de Portugal continua, aliás , a par da que vai acontecendo na Europa… mas isso é para outro post.
Tudo gente fina.