Há escolas que fizeram a cerimónia oficial de entrega de diplomas e prémios: afinal sempre há verba, pelo menos para algumas ou será que todas fizeram, mas com menos valor nos cheques e distribuição de computadores apenas para esgotar o stock? Ou foi com o orçamento privativo que essas algumas escolinhas fizeram a festinha do Estado Novo Socrático?
Note-se que não tenho nada contra a entrega de diplomas com alguma solenidade. Mas só faz sentido, a meu ver, se o estudante concluiu o ciclo mais avançado do ensino secundário. É a primeira graduação. Mas passar do 9º para o 10º, só mesmo com notas muito boas é que pode ser considerado especialmente meritório: louvável é sempre, já que há quem nem isso faça, mas a atribuição de prémios é outra coisa diferente- o diploma é a certificação do 3º ciclo, obtém-se estudando e não faltando às aulas e vai-se pedir na secretaria, não é preciso chamadas ao palco, acho eu. É que é obrigação mínima do cidadão (ou futuro cidadão) concluir a escolaridade obrigatória dentro do tempo normal, mas cada vez mais se encara a “escolaridade obrigatória” como uma “obrigação” do Estado em fornecê-la obrigatoria- , embora “tendencialmente”, a custo zero para o cidadão. Já o secundário completo não era obrigação, agora vai passar a ser.
Todos os diplomas do secundário estão a dar acesso directo à Universidade, de forma completamente descabeçada, considerando igual o que está longe de o ser. As novas oportunidades produzem candidatos muito fracos que entram nas universidades mal preparados e alguns, imagino eu , já contaminados pela ilusão das facilidades. Mais dinheiros públicos gastos (as propinas são simbólicas embora custem a pagar às famílias) com gente que fará turismo nos Institutos Politécnicos ou mesmo Universidade onde entraram apenas por terem passado num único exame numa única disciplina. Nos cursos profissionais passa-se o mesmo, ninguém faz nenhum exame para validação externa nas disciplinas de tronco comum, fazem apenas um exame de uma disciplina específica, normalmente pouco complicado, como é Economia, por exemplo, que tem vindo a descer de nível de exigência de forma acabrunhante para quem ensina e para quem estuda e leva a sério a disciplina durante os respectivos dois anos de estudo. Os alunos dos cursos regulares secundários têm que fazer exames nas disciplinas fundamentais do curso e do tronco comum; a média é feita com a nota interna e a nota de exame. As médias destes três tipos de alunos não são, portanto, comparáveis.
As universidades queixam-se de não terem verbas suficientes do governo. E os politécnicos? Quem certifica o nível de saída dos cursos aí ministrados que, embora nos tempos actuais com mais limitações do que há cerca de 10 anos em que a paródia era total, são ainda de qualidade e utilidade muito duvidosa? Quanto à gestão do ensino superior politécnico e universitário, causa-me estranhesa a profusão de cargos, como é anunciado no Jornal de Leiria de 9 de Setembro de 2010, página 12 :
“Paulo Fernandes e Ana Sacramento (na foto) tomaram posse, na semana passada, como pró-presidentes do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), na sequência da sua nomeação pelo presidente da instituição. Os dois docentes irão apoiar Nuno Mangas na realização de tarefas, projectos e actividades específicas. Os pró-presidentes juntam-se agora aos outros sete elementos que já integram a presidência, tornando a estrutura dirigente do IPL mais pesada.
Os estatutos do IPL, de Julho de 2008, prevêem a existência de vice e de pró-presidentes, mas não limitam o seu número.(…)”
Se tivermos a paciência de ler o resto da notícia, há umas explicações casuísticas por parte do presidente que diz que, neste caso, não há acréscimo significativo de custos…este ano, pelos vistos, para o ano que vem não sabemos. Não me parece que os estatutos condicionem a existência daqueles cargos ao não agravamento de custos. E a tutela tem cada vez menos intervenção a não ser a folclórica. O tribunal de contas não terá qualquer voto na matéria, é tudo legal… e a festa continua….Note-se que estamos a falar da super-estrutura do Politécnico, depois há os directores e subdirectores e o mais que é usual nas escolas que integram aquele Politécnico.
P.S.: Não estando em causa os nomes das pessoas nomeadas para os pró-tachos, acrescento que a ESAD (Caldas da Rainha) é aquela escola de onde o anterior presidente (Luciano de Almeida) despediu uma docente, ao dar como nulo por vício de forma (em 2003) o seu concurso de provimento como professora adjunta , professora que, salvo erro, era a única doutorada do quadro da escola. O processo foi contestado em via jurídica, tendo essa docente ganhado a causa no tribunal de primeira instância; o presidente recorreu em tribunal de segunda instância, tendo este dado razão ao recorrente. A professora esteve no quadro da escola durante oito anos. Por coincidência, o presidente vem executar a sentença do tribunal-a nulidade de um concurso de há oito anos-, após ter tomado conhecimento da hipótese de essa professora vir a fazer parte de uma lista para a direcção da escola, lista não apaniguada pelas forças vivas desse anterior presidente. O nome da professora foi aqui omitido, dado que a mesma me não encomendou “o sermão”. Mas sei que está desempregada desde Maio de 2009, embora esteja com bolsa de pós-doutorameno (em que se tinha empenhado ainda em funções), não tem vínculo com nenhuma instituição de ensino superior, e isto, depois daquela mesma escola ter investido na sua formação graduada (doutoramento no estrangeiro) durante um ano.
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