Beethoven Piano Concerto no. 5 – Claudio Arrau

27 02 2010

Wikipedia sobre Claudio Arrau





Cecílio Gomes da Silva:” […]Floresta ou pastorícia?”

27 02 2010

Em alguns artigos publicados no Jornal da Madeira- Revista magazine meu pai explica as causas das enxurradas. Também nesses artigos se pode constatar que ele tinha a consciência de que a realização da profecia já tinha acontecido em 1993. Meu pai escrevia com uma principal motivação: que os seus conhecimentos técnicos pudessem ajudar a mudar comportamentos e influenciar (pela via do esclarecimento técnico/científico) as decisões de quem tinha poder de as concretizar.   Escreveu também sobre fogos e suas causas.

Este pequeno livro, publicado pela R. A. Madeira, Secretaria Regional do Turismo e Cultura,  resultou de conversas que manteve com seu irmão mais velho, Rui Gomes da Silva (médico) e  pretendia ser apenas um ensaio destinado a um leque variado de público.  São 39 páginas de texto onde explica como  a floresta é  a principal causa da precipitação da humidade dos ventos de nordeste em forma de chuva (ou seja sem floresta , a Madeira poderia ter um aspecto semelhante a  Cabo Verde que de verde tem pouco, apesar dos esforços meritórios feitos para reflorestar). Em 1995 a preocupação era a seca.

Neste opúsculo, o autor defende a floresta nos “altos-chãos” em vez de uma pastorícia desregrada que tem degradado esses solos de vegetação rala e rasteira e contribuído para agravar as enxurradas. É mencionado o Plano do Parque Natural da Madeira mas muito ao de leve, comentando : “No plano, a pastorícia foi demasiadamente contemplada […]”.

A floresta da Madeira,  para além de captar a humidade transformando-a em chuva, tem uma capacidade de contenção e reserva por infiltração muito maior do que as áreas de vegetação não arbustiva. A infiltração faz-se de forma  lenta, entre outros factores, porque o volume das copas modera os ímpetos das chuvas. A floresta faz chover quando não “cai água do céu” e abafa os efeitos devastadores quando   cai demais. No fim do processo da fábrica processadora de dióxido de carbono e produtora de oxigénio formam-se nascentes . A floresta madeirense  transformou a humidade dos ventos em água límpida riquíssima em nutrientes fundamentais  para a agricultura nas zonas de cotas inferiores.

 Este resumo é o resultado de uma minha re-leitura rápida desse livro, nestes dias em que, nos media e na blogosfera, a desgraça de várias famílias em directo se mistura com a polémica em torno de responsabilidades. Meu pai entraria na polémica se fosse vivo? Não o sei dizer. Escreveria de certeza, publicado ou não, escreveria. E tentaria filtrar a emoção que seria de certo o motor do ímpeto a escrever nesta altura.

P.S: Meu pai faleceu em 2005.  Para além do Jornal da Madeira e DN -Funchal  colaborou com a revista Islenha , de edição e propriedade da Direcção Regional dos Assuntos Culturais na qual foram publicados vários textos dos quais destaco os artigos de fundo a respeito da Laurisilva madeirense, tendo o último saído em 2004, no nº 34 de Janeiro-Junho.   Esses artigos estarão disponíveis nas entidades referidas e em bibliotecas. Nenhum dos filhos estudou Silvicultura ou Engenharia Florestal como agora lhe chamam. Por isso são os seus escritos a sua única defesa quanto a ideias que defendeu não apenas com fundamento na sua formação técnica e científica mas também com base na sua vasta experiência enquanto engenheiro silvicultor (de terreno , que não de gabinete).





Schubert “Serenade”

25 02 2010




Utopia

23 02 2010


Porque hoje é 23 de Fevereiro, aniversário da morte do poeta português que foi e é José Afonso (se estivesse entre nós teria 80 anos).
E porque há momentos em que muros e ameias desaparecem e todos se transformam em gente igual por dentro, gente igual por fora, no sofrimento e na solidariedade e a cidade torna-se não do lobo mas irmão.
Um poeta que se universaliza cada vez mais. Aqui João Afonso interpreta uma das canções mais belas de seu tio. Canções-poemas tanto mais belas quanto menos panfletárias, quanto mais intemporais e mais libertas de uma localização espacial específica.





Público:”Peritos defendem novo Plano Oudinot para as ribeiras do Funchal “

22 02 2010

“Obras de engenheiro militar feitas após temporal de 1803 são referência

Peritos defendem novo Plano Oudinot para as ribeiras do Funchal

22.02.2010 – 08:05 Por Tolentino de Nóbrega

O presidente da câmara diz que é preciso “reconstruir o Funchal”. Especialistas em urbanismo acham que este é o momento adequado para “repensar a cidade” e sugerem o Plano Oudinot, com o espírito empreendido por este engenheiro militar na construção das muralhas protectoras da cidade depois do temporal que em 1803 provocou centenas de mortos.

[…]

A esta mesma conclusão chegou o estudo sobre o impacte ambiental provocado pela construção subterrânea na Baixa citadina do Funchal, feito pelos investigadores da Universidade de Aveiro João Baptista Silva, Fernando Almeida e Celso Gomes. Além de alertarem para o impacto negativo de algum desenvolvimento urbanístico, recomendam, entre outras medidas para minimizar os efeitos das aluviões, o trabalho crucial contra a desertificação das serras madeirenses, desenvolvido pelo conselheiro José Silvestre Teixeira, governador civil da Madeira entre 1846 e 1852. “Passado mais de um século e meio, é oportuno repensar este plano contra a desertificação das serras, que teve como objectivo diminuir as consequências provocadas pelas aluviões e aumentar as reservas hídricas.”

50 anos antes, depois da grande aluvião de 1803, o Governo nacional enviara para ilha o brigadeiro Oudinot para superintender as obras e especialmente a construção e reparação das muralhas das três ribeiras que atravessam a cidade. Oudinot chegou ao Funchal em Fevereiro de 1804 e aqui morreu em Fevereiro de 1807.”

Nota: destaque a negrito feito por mim





DN- Funchal,13 de Janeiro 1985: “Eu tive um sonho”

22 02 2010

O texto de 1984, de meu falecido pai, que referi ontem, é relativamente pequeno, não é texto técnico sobre as causas (estava a confundir com outros textos dele), mas coloca como causa central a desertificação das serras. São dois sonhos, o segundo é a arborização das áreas desertificadas. O primeiro é uma descrição arrepiante e em pormenor do cenário dantesco a que temos assistido nas imagens televisivas, nos últimos dois dias, idos de Fevereiro, 2010.

Eu Tive Um Sonho, de Eng Cecílio Gomes da Silva Diário de Notícias – Funchal,13 de Janeiro 1985

Nota: No livro Viveiros , Cecílio Gomes da Silva (1987) descreve  a chegada da frente de torrente da Ribeira de Santa Luzia no capítulo/conto intitulado “Onde está o Joãozinho?” mas neste texto, aquele curso de água aparece em enchente sazonal , não catastrófica, apenas assustadora fazendo as gentes que viviam junto às margens sair de casa e subir as veredas até à ponte para ir ver a ribeira e rezar.





Só mesmo outro tipo de gruas para remover outro tipo de entulho

22 02 2010

  • Mas não é só a Casa Pia neste lamaçal, pocilga, choldra torpe, como queiram. Só mesmo muita maquinaria a trabalhar dia e noite e começando pelo entulho mais grosso: os senhores poderosos das lojas e de outras associações de crime organizado, máfias, portanto.




  • Requiem – 6 – The Lord is my shepherd

    21 02 2010

    (Não encontrei versão portuguesa deste salmo, só vi versões brasileiras e daquelas com imagens muito lindas mas que me fazem lembrar hollywood ou bollywood e que não suporto… Uma vez mais recorro a Margotlorena, com uma versão sóbria e límpida. )





    Estatísticas do emprego na R.A. da Madeira

    21 02 2010

    Estatísticas (INE) sobre o emprego por conta de outrem por sector de actividade e rendimento líquido mensal na Região Autónoma da Madeira (4º trimestre de 2009)

    Realço os seguintes números:

    Nota: Os valores estão em milhares mas, como o total se aproxima dos 100, a percentagem é fácil de adivinhar:

    Total: 98,6

    Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca- 2,8

    Indústria, construção, energia e água- 18,5

    Serviços- 77,4

    Vale a pena analisar os dados do quadro do INE e ajuizar da capacidade de gerar impostos por parte da população activa naquela região.

    Não vou comentar algumas afirmações infantis que por aí se vêem em comentários de jornais on line e em blogs. Digo apenas que fico sempre arrepiada quando se elegem grupos específicos da população como alvo de troças e de ódios usando mentiras estatísticas, como forma de ir aliviando a tensão que se vive generalizadamente (pelas dificuldades que a grande maioria da população está a sentir) . Esta técnica de direccionamento de um mal estar e ódio difuso focando- o contra grupos específicos  de pessoas , tem vindo a ser utilizada de forma recorrente por este governo. Também isso faz parte da propaganda.





    A catástrofe (anunciada) na Madeira e invocação religiosa

    21 02 2010

    […]OM SANGJE MENLA is short invocation mantra in Tibetan, invoking the Blessings of Medicine Buddhas. In this concise spiritual practice we recite verses of Refuge & Bodhicitta, Praises and dedication of merit. We see the mandala of Medicine Buddhas, turning of his short mantra and Buddhist practice text in Tibetan (2). In this suffering world there are numerous diseases,epidemics,famines,war and natural catastrophes (flood,earthquakes,droughts,winds,fire). […] in openbuddhistforum (mantra no post anterior)

    A tragédia na Madeira
    “Ribeiras transbordam e lançam o pânico em vários pontos da ilha” -DN Madeira

    A maior catástrofe em 100 anos na Madeira -Público

    As gentes da Madeira sempre invocaram a Virgem e Deus, para estas catástrofes e outras. Mas nunca será demais invocar as bençãos dos Buddhas , sobretudo a purificação das almas gananciosas e a iluminação ou a dádiva da sabedoria aos poderes públicos cujas almas sofrem frequentemente também do primeiro mal. A ignorância já nem pode ser invocada. Sabem-se as razões pelas quais a “ribeira” ou seja , as várias ribeiras da Madeira se podem transformar em forças com energia semelhante aos tsunamis provocando os mesmos efeitos que poderiam ainda ser muito superiores aos verificados; não o são porque a população de alguns lugares, aldeias e vilas sabe ouvir a ribeira e desaparecer do seu percurso deixando tudo atrás. Meu pai escreveu sobre o problema das enxurradas  em artigo quase profético publicado em 1985 no DN do Funchal, como é aqui referenciado, mas não reproduzido nem parcialmente. Posteriormente tentarei publicar neste blog esse artigo. Claro que não deve ter sido o único nem o último a falar das causas várias. (Actualização: as causas são tratadas em artigos como “Uma enxurrada começa com uma gota” , publicado em ISLENHA,  nº 7 ,Jul-Dez 1990 e parcialmente reproduzido em post neste blog em 2 de Março 2010.)

    Veio depois a enxurrada de 1993 e nada se aprendeu???

    É a construção excessiva, o apertar dos vales das ribeiras e é a DESFLORESTAÇÃO. E não venham com a anedota das sargetas entupidas que se ouve muito no continente, citada como causa das cheias… Pois é asssim mesmo: contra a ignorância e a ganância, invoquemos todas as entidades sobrenaturais possíveis, só elas podem ajudar. O ser humano em geral (e infelizmente o português não será exemplo para ninguém) é mesmo assim, empedernido, embrutecido no gosto da cobiça . Intervenção divina, só ela pode ajudar. 

    Entretanto Sócrates foi lá ver e tentar redimir-se , talvez, junto às populações que dos rendimentos off-shore nada vêem e vão confiando (e votando) sempre no seu conterrâneo sem papas na lingua (relativamente ao “opressor” “cubano”) e  que lhes distribui estradas e migalhas, sorrisos e piadas. Como é que o primeiro ministro não foi corrido à pedrada ou outro entulho menos agresivo mas mais eficaz no efeito simbólico- a lama devidamente temperada de todos os dejectos humanos -, com tanta ali à disposição? Terá prometido aquilo que não pode dar , pelo menos do orçamento,  pois o Teixeira demite-se e é uma desgraça para o país que já quase não tem finanças nem mais ninguém que queira ir para o ministério das ditas….

    PS: Não interpretem isto como ataque ao governo regional. João Jardim  saberá se tem responsabilidades nas causas deste desastre “natural. Mas devo dizer que tem subido na minha consideração desde que temos um inimigo comum (adivinhem quem) e desde que tratou a questão da avaliação dos professores de forma corajosa, caracterizando o problema exactamente como ele de facto foi , era, e está a ser tratado no continente, uma questão de lana caprina (não sei se foi essa a expressão) acabando administrativamente com a confusão que continuou,  continua e continuará, cá por estes lados do mesmo mar…

    Actualização: para ler o artigo “Eu tive um sonho” ver este post do dia seguinte.