Os defensores da escola pública como o grande saco inclusivo, que deve criar soluções à medida de cada um, já alguma vez se deram ao trabalho de ler os Relatórios PISA? Os seus argumentos a favor da escola pública inclusiva de tudo e mais alguma coisa, incluindo a pre-delinquência ou a delinquência pura e dura, são argumentos que não vão muito além dos chavões “todos têm direito ao sucesso”,”é melhor estarem na escola do que na rua” (é melhor para quem? para quem se recusa a querer aprender e faz de alguns espaços escolares, se não de todos, o seu território onde impõe as suas leis?) e não definem conceitos fundamentais como: o que é o sucesso?
Os níveis de saída das várias escolas são muito diversos e o ensino profissional não é aferido a nível nacional, desde que foram determinadas por portaria, salvo erro, as várias vias de conclusão do secundário, dispensando a avaliação externa do ensino profissionalizante. Seria bem útil termos um PISA para as “literacias” dos alunos e mesmo dos cidadãos em geral com idades entre os 16 e 0s 21. Os defensores da inclusão a todo o custo, alguma vez se deram ao trabalho de considerar a validade dos resultados do PISA e daí retirarem as conclusões? Há estudos que o fazem especificamente para o caso português , por exemplo o do GAVE (*). Os defensores da grande cloaca inclusiva não se preocupam com o facto da escola pública debitar, no mercado de trabalho ou mesmo no ensino superior, pessoas com níveis completamente diferentes nos conhecimentos e nas competências nas três “literacias” testadas no inquérito PISA? Acharão que não é preciso estudar o PISA, que as classificações internas são suficientes e já dão muito que pensar, que os rankings são uma dor de cabeça incómoda, muitos acharão ainda que as comparações internacionais das competências dos alunos com 15 anos só interessam a ratos de biblioteca. Nem os políticos nem os ditos “especialistas” lhe deram algum valor especial em Portugal. As parcas melhorias de resultados de ano para ano já lhes servem. E de resto , como há casos piores, ficam todos contentes com as “performances” dos alunos adolescentes em Portugal.
Está on line o relatório de 2006 (para a literacia científica), se se derem ao trabalho de consultar, o volume 1 está disponível em Inglês, Francês, Espanhol.
Resumo em Inglês do relatório de 2006 para a literacia científica
(*) O relatório nacional do GAVE para a literacia científica em 2006 é muito interessante , ficamos a saber, por exemplo, que as melhorias se têm devido sobretudo ao facto de ter aumentado o peso dos alunos do 10º ano que “puxam” os resultados para cima, apresentando performance superior à média europeia. Eureca! Os países com melhores resultados têm poucos alunos com 15 anos no 7º e 8º anos de escolaridade, diz o estudo, há muito menos retenção naqueles países…. Pois é, nós temos mais alunos no 7º e 8º que já deviam estar pelo menos no 10º , muito embora haja coisas estranhas … em 2003 foram testados alunos do 11ºano e o peso do 10º ano foi sensivelmente superior a 2000 e a 2006. Não pondo em questão, por agora, a forma como se procedeu à selecção da amostra, a análise por anos de escolaridade deveria ser feita também para os outros países, e então se saberia se a performance portuguesa dos alunos do 10º estaria ou não acima da média dos alunos do PISA (no 10º ano) na OCDE . De qualquer das formas, teremos que admitir que, no 10º ano, já houve em Portugal, uma certa triagem, pela classificação interna e pelos exames de Matemática e de Português… Mas há muito mais no relatório, isto é apenas um exemplo de como este estudo pode ser útil para orientar não apenas os defensores da escola pública, mas sobretudo os que têm na mão as decisões de política educativa. Aguardo com grande ansiedade (…) os resultados de 2009 já com as escolas cheias de alunos de 15 a 16 anos seguindo vias “alternativas” e “segundas oportunidades”….
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