Peras e maçãs?

31 01 2011

Há debate interessante no blogue de Paulo Guinote sobre público e privado na educação. Uma vez mais há aquele mal entendido que acontece também na discussão público /privado na saúde.

O financiamento e o funcionamento são duas coisas muito distintas em alguns países. Não no nosso. Infelizmente no nosso país há promiscuidades variadas entre o financiamento público e quem dirige as instituições. Na Holanda as direcções das escolas não são escolhidas pelo governo, havendo obviamente a obrigação da escola enviar em Julho as contas que são devidamente inspeccionadas. Há um financiamento público de todas as escolas de inciativa privada, que são a maioria e de origens muito variadas, historicamente alicerçadas que  resultam de inciativas privadas não lucrativas e confessionais. Embora haja currículo nacional, os pais podem escolher livremente se querem escola laica pública ou privada , escola católica , calvinista, evangélica, etc… São todas financiadas de acordo com o número de alunos e o tipo e nível de educação. Actualmente dá-se liberdade completa às direcções para, dentro do valor concedido pelo governo, definirem o seu orçamento em todas as rubricas, incluindo a contratação de professores. Tanto quanto sei, há sindicatos que estabelecem níveis salariais a serem respeitados. Mas quantos e quais os docentes  a contratar é a escola que decide. Só um pormenor, nas escolas todas não é o aluno que decide se vai para  o mais avançado nível de secundário, preparatório para a universidade. Se não tem notas elevadas no ciclo anterior, terá que escolher outra direcção, mais vocacional ou profissionalizante, tudo feito com o acordo dos pais. Aqui, em Portugal, vão todos (ou iam, antes da extensão do ensino profissionalizante à escola pública)  para os cursos gerais de acesso à universidade. Naquele país, o aluno dos cursos profissionalizantes pode seguir para a universidade mas tem ano-ponte para o fazer, não segue directamente. Pelo menos era assim até há bem pouco tempo. Mas admito que também por lá, os empregos na universidade e politécnicas dependam do número de alunos inscritos e haja maior benevolência. A avaliar por Bolonha, pode estar a acontecer um nivelamento por baixo em toda a Europa…

Wiki em 2006

Site do Governo sobre financiamento da educação (em Neerlandês)





Al Jazeera encerrada no Egipto

30 01 2011

Devo confessar desde já que me não é possível, por ignorância, comentar o que se passa no Egipto. Mas prezo muito a democracia a que alguns (correctamente) chamam liberalismo. Estas duas palavras têm sido muito contaminadas com a vontade de poder que utiliza ambas as bandeiras embora achem facultativo tudo aquilo que é essencial na definição de ambos os conceitos. Aquelas duas palavras são formas de designar um regime que tem a sua essência ligada aos direitos, liberdades e garantias defendidas mais ou menos como universais (ou seja,para todos, embora com algumas reservas) durante a primeira fase da revolução Francesa. Que exista uma Carta dos Direitos Humanos da ONU (onde esses direitos são declarados como mesmo universais) é visto como uma espécie de folclore daquela organização internacional: não é para tomar a sério assim que haja agitação nas ruas.
Este é o comentário geral que tenho a fazer. O encerramento dos escritórios e proibição de emissão a partir do Egito das notícias da Aljazeera é típico de ditaduras. E estas não podem, por definição, ser liberais nem democráticas. Os aliados dos E.U.A. nem sempre são liberais e em certas partes do mundo, de forma sistemática, têm sido preferidos regimes ditatoriais. Parece-me , assim à distância, que no mundo islâmico os EUA apoiam regimes laicos, “tolerantes” … Não me parece impossível conciliar a fusão entre Estado e Igreja com moderação mas devo dizer que acho muito difícil. Assim, todos temem que eleições possam trazer grupos radicais ao poder. Pois … eleições que não são controladas pelo regime ditatorial  têm esse defeito, podem levar ao poder vários tipos de associações criminosas e a Europa experienciou este fenómeno em períodos históricos mais ou menos recentes (que não serão apenas os de há 70 anos, haverá mais actuais)
Assim, aqui deixo o link da notícia sobre o fecho da Al Jazeera no Egipto, no site on line daquela estação televisiva.





Música clássica indiana no feminino (5)

28 01 2011


Wikipedia: Mogubai Kurdikar

Tarana is based upon the use of meaningless syllables in a very fast rendition

Wikipedia sobre raga Yaman : […]Raag Yaman is traditionally sung during the first quarter of the night[…]





Autoridades da concorrência: Sócrates e Contador

28 01 2011

«O Tour é um dos primeiros derrotados com caso Contador

Por Ana Marques Gonçalves

«A suspensão do tricampeão deixou o pelotão praticamente em silêncio. Ninguém sabe até onde podem ir os efeitos do castigo ao ciclista»

Há um estranho silêncio a pairar no ciclismo mundial. Esperavam-se reacções em catadupa, opiniões pró e contra a mão pesada (ou leve, consoante as interpretações) da Real Federação Espanhola de Ciclismo (RFEC), um grande alarido nos meios de comunicação social e uma verdadeira ebulição em Espanha, mas, um dia depois de ser conhecida a proposta de suspensão por um ano de Alberto Contador e a consequente ausência no Tour 2011 e a perda da vitória de 2010, parece que nada aconteceu. O espanhol reage hoje, a equipa reage hoje, a União Ciclista Internacional (UCI) e a Agência Mundial Antidopagem reagirão não se sabe quando.[…]

E se Contador prometer nunca mais comer carne de vaca dopada? Ninguém perdoa o rapaz? Afinal, ambos viciaram as regras da concorrência por distração… ou não?





Tchaikovsky Piano Concerto No 1

25 01 2011


Hoje um pouco de música clássica ocidental para quebrar a monotonia, embora o pianista aparente ser consideravelmente oriental.
Em posts posteriores continuarei a série de mulheres intérpretes na música clássica indiana.





Música clássica indiana no feminino (4)

24 01 2011


wikipedia sobre Kaushiki Chakrabaty
Raga khamaj: a ser tocada/ouvida na segunda parte da noite





Pequena dúvida a respeito do cálculo da abstenção

24 01 2011
 

População residente em 2005: 10 569 592

População residente 2005 – inscritos em 2010= 939 962  parece-me uma diferença muito pequena, considerando que muitos jovens de 18 anos ou mais não se inscrevem.

O peso relativo da população jovem (0-14 anos) apresenta o valor de 15,6%, ou seja    1 648 563 . O peso dos jovens entre os 14 e os dezoito não é fornecido neste artigo do INE mas pela pirâmide etária talvez sejam à volta de 300 000.

População escolar no secundário 2006/2007 (GEPE): total 356586 . Recorrente: 62564. Total sem recorrente=294022. Muitos não estarão na escola, pelo que os jovens  entre os 14 e 18 serão mais de 300 000. Entretanto, a pirâmide etária de 2005 mostra a tendência da diminuição da população jovem . Por isso os jovens sub 18 não serão 2 milhões mas também não serão muito menos do que isso. A diferença entre população residente e população inscrita é pequena demais.  A população residente inclui os imigrantes, que não votam nas presidenciais nem nas legislativas, só nas locais.

Terão  incluído os imigrantes como inscritos? Serão os inscritos na emigração a explicar este fenómeno?

OU  estão muitos mortos ainda inscritos? Muitos destes não terão votado, salvo nalgumas regiões onde a afluência às URNAS dos defuntos é intensa (a ser verdade o comentário de José Manuel Coelho a respeito da Madeira).

Actualização (19:34) : foram acrescentados argumentos e corrigida a diferença entre população residente e inscritos como eleitores. Entretanto verifiquei que o DN se refere a este problema e o número de eleitores emigrantes anda à volta de 200 000 .





Música clássica e devocional indiana no feminino (3)

23 01 2011


With the help of artists such as Mehta, a new generation of female Indian musicians seems poised to break the chains of tradition, which for centuries saw women as lacking the proper qualities to master a musical instrument. “In Moghul times, the somber dhrupad style, essentially a vocal style with some instrumental accompaniment, was the leading genre in classical music,” Mehta explains. “Dhrupad, which was mainly heard in royal venues, was entirely dominated by male musicians, both instrumentally and vocally.” The rudra veena, a large fretted zither prominently featured in dhrupad, was played by and taught solely to the males in musical families. The lighter khyal style, which evolved in the Eighteenth Century, began to admit female vocalists, but not female instrumentalists.

Mehta continues: “Instrumental music was first derived from dhrupad, therefore men remained the primary exponents of such music. In addition to considerations of tradition, the technique and strength required for successful performance on traditional instruments is quite significant.” Accordingly the same prejudiced rationalizations used to exclude women from certain male-dominated sports were also used against aspiring female musicians in India. “The ability to endure many hours of daily arduous practice necessary to attain proficiency was also considered the province of men,” Mehta adds dryly. […]

While being a female sitar player does set Mehta apart from the pack, “my contribution is not one associated with gender,” she says.  “Rather it’s the ability to bring out the rasa, the emotional qualities of a particular raga, whether they be devotion, love, pathos, or joy.”





Música clássica e devocional indiana no feminino (2)

22 01 2011

Wikipedia sobre Lakshmi Shankar. Nasce em 1920,entrou com dançarina no grupo de dança de Uday Shankar e vem a casar com Rajendra, irmão de Uday (Ravi é o mais novo dos Shankar). Mais tarde dedica-se ao canto e irá participar na digressão pelos EUA de Ravi /Harrison : é a vocalista da canção “I am missing you”.





Dia de reflexão: “muerete…”

22 01 2011

Não nem pensem que estou a dizer isto a qualquer dos candidatos a Belém. Estou a arranjar assunto mais profundo:  o futebol.

Onde raio foram desencantar aquela ideia do “muerete” dedicada  ao Mourinho? Googlei e encontrei esta canção de qualidade elevada, e texto ainda mais profundo. Pelo video clip parece ser uma fita magnética que incomoda a pessoa, mas as quadras fazem lembrar várias outras coisas, eventualmente menos puras do que a memória de um sentimento. O significado da metáfora, se é que existe, dedicada a Mourinho, só o sabe quem sofre com os desaires da sua equipa , neste caso os adeptos do Atlético… ou será paixão pelo treinador alheio?

Mas não tenho a certeza de tratar-se da mesma canção, no vídeo do Público só se ouvem dois segundos, é difícil. Pode também acontecer que já todos saibam qual é a canção e eu só agora cheguei lá…

Quanto ao dia de amanhã, não digo muerete a nenhum dos candidatos, cruzes canhoto, vade retro satanás… 

Apenas digo Mourinho à Presidência!

muerete, muerete
se supone que no debería sentirte
todo este tiempo siempre me cuidé
si una vez logré matarte, no creía…
que volverías vivo

lo siento crecer, dentro de mí
muerete
muerete
muerete

sentimiento inútil, de nada me sirves
destruíste lo que tanto me costó
solo te pido, no aumentes tu tamaño…
dentro de mi cuerpo

lo siento crecer, dentro de mí
muerete, muerete, muerete, muerete